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Juros do cartão de crédito rotativo atinge mais de 445% e brasileiros não conseguem liquidar faturas

Endividamento das famílias terminou ficou em 48,3%, uma queda de 0,5 p.p comparado a maio
Só nos últimos dois anos, o valor da dívida dobrou nesta modalidade. | Foto: EBC

Os juros do rotativo do cartão de crédito atingiram 445,7% em julho, segundo dados publicados pelo Banco Central nesta segunda-feira (28). No mês anterior, a taxa estava em 437%. Autoridades vêm discutindo a melhor forma de diminuir os juros do rotativo de 15% ao mês, para uma taxa perto dos 9% e que o crédito vá direto para um parcelamento ou criar algum tipo de tarifa para desincentivar esse financiamento. Só nos últimos dois anos, o valor da dívida dobrou nesta modalidade.

Atualmente, segundo dados de julho, a inadimplência chega a 49,5% das operações. São R$ 76 bilhões em dívidas. Juros altos e orçamentos cada vez mais apertados das famílias brasileiras levaram ao aumento da inadimplência dos brasileiros que optam por pagar o cartão de crédito de forma parcelada. “Os brasileiros estão superendividados, não conseguem liquidar as suas faturas e nem colocar a vida financeira em dia. O rotativo é um produto completamente insustentável”, explica Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios.

A compra com cartão de crédito está na modalidade de compra mais utilizada pelos brasileiros, 40% das compras são com cartões, segundo o Banco Central. Só existem duas opções para quem não consegue pagar a fatura toda, o parcelamento do valor da fatura ou pagamento do valor mínimo da fatura (crédito rotativo). Para quem parcela a fatura, os juros chegam a 198,4% ao ano, mas quem só consegue pagar o valor mínimo os juros chegam a 445,7% ao ano.

Lamounier exemplifica como funciona o rotativo de um cartão de crédito. Se você tem uma fatura de R$ 100,00 e paga o valor mínimo que é definido entre os bancos em média de 15% ao mês, você paga R$ 15,00. O valor que não foi pago fica automaticamente para outra fatura, ou seja R$ 85,00 mais juros. Com a variação do rotativo a dívida já subiu para o mês seguinte no mínimo R$ 109,00.

“As pessoas vêm utilizando o cartão de crédito para compras do dia a dia e a capacidade de parcelamento levou-as a acreditar que ao dividir uma compra a dívida fica menor, quando na realidade, antecipa as dívidas do próximo mês. A modalidade deve ser evitada e se caso utilizada não realizar o parcelamento, e sim o pagamento à vista para não correr juros”, explica o especialista.

O índice de pessoas que não pagaram o parcelamento do cartão também é grande, só no mês de junho chegou a 10%, sendo o maior nível em 12 anos desde a sua aprovação. “Resolver o problema do rotativo irá melhorar a economia do país e diminuir o endividamento das famílias, já que a modalidade segue sendo a maior causa de inadimplências dos brasileiros”, orienta o especialista.

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