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PIB do Brasil cresceu apenas 0,9% no 2º trimestre e resultado vêm depois de uma alta de 1,8%

Especialista destaca que há alguns pontos de atenção que são importantes e devem ser levados em conta.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no 2º trimestre de 2023, na comparação com os três meses anteriores, conforme informou o IBGE. Esse saldo vem depois de a atividade econômica brasileira crescer 1,8% no 1º trimestre, com uma forte expansão da agropecuária.

Segundo Cristina Helena Pinto de Mello, professora de economia da ESPM, foi um resultado expressivo se considerarmos uma expectativa de um crescimento menor para o período. “Espera-se que no próximo trimestre o desempenho seja um pouco melhor por conta da sazonalidade do final do ano. Mas, têm alguns pontos de atenção”.

A especialista destaca que há alguns pontos de atenção que são importantes e devem ser levados em conta.

“Se olharmos para o drivers de crescimento, que são os componentes da demanda agregada, o comportamento de consumo teve crescimento explicado de certa forma por algumas medidas do governo, como o impacto do benefício concedido pelo perdão de pequenas dívidas, a mudança no padrão de consumo das famílias após pandemia, com as pessoas voltando a consumir e contratando serviços fora de casa. Também temos o crescimento das contas de despesas de governo, esse é um fator muito contextualizado, porque olhando o orçamento do ano que vem e o imperativo do equilíbrio primário, colocado pelo próprio governo, não irá continuar exercendo fator de estímulo à atividade econômica”, diz Mello.

O levantamento mostra um crescimento das exportações que não foi acompanhado pelas importações. “Isso denota que o crescimento econômico do Brasil tem uma elasticidade de renda das importações maior do que a das exportações. Tal efeito constrói um desequilíbrio estrutural futuro possível, talvez trazendo a necessidade mais à frente de uma composição de equilíbrio de contas externas”.

No segundo trimestre, a agropecuária seguiu em alto patamar. Houve um leve recuo de 0,9%, vindo de uma base de comparação alta do período anterior, quando havia disparado 21%, na maior alta para o setor desde 1996.

Principais destaques do PIB, foram: Serviços: 0,6%; Indústria: 0,9%; Agropecuária: -0,9%; Consumo das famílias: 0,9%; Consumo do governo: 0,7%; Investimentos: 0,1%; Exportações: 2,9%; Importação: 4,5%.

Mello ressalta que o principal drive de crescimento estável é o desempenho dos investimentos de indústria de máquinas e equipamentos.

“Não vemos essa mudança. Isso significa que as expectativas de desempenho da economia e a expansão da capacidade produtiva não aconteceram. Mesmo com muitas ações do governo como o arcabouço fiscal, reforma tributária, uma rota de baixa de juros não reflete em expectativas de médio e longo prazo, pelo lado da demanda. Já pelo lado da oferta temos um crescimento da indústria e do setor serviços, além do decrescimento do agropecuário, que não é preocupante”, conclui.

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